Fazer com que todos os colaboradores sejam parte da Transformação da Empresa é o grande desafio da Inovação 5.0. Entenda como foi a evolução da Gestão da Inovação desde 1960 e como funciona a abordagem de inovação que promove agilidade e colaboração.
A inovação cada vez mais ganha espaço como uma equipe ou área de empresas de portes diferentes. Nos últimos anos o Brasil sofreu com crises econômicas e com a pandemia. Novos negócios digitais surgiram praticamente da noite para o dia. A indústria de Venture Capital tornou-se maior e mais eficiente e estamos em uma sociedade em rápida transformação. Muitas pessoas e empresas passaram por crises financeiras e até mesmo falências. A necessidade de transformar o negócio rapidamente nunca foi tão grande.
A inovação 5.0 trata a inovação como um processo ou atividade dentro da empresa. A função da área de inovação não é mais produzir produtos ou melhorar processos. Mas garantir que a inovação possa fluir em todas as áreas. Que todos os colaboradores entendam a estratégia da empresa e consigam fazer parte do esforço de inovação.
Mais para frente neste texto, irei abordar a evolução da inovação e todas as suas ondas. Ficará claro por que a inovação 5.0 é diferente das ondas anteriores e explicarei os elementos necessários para implementar essa disciplina em empresas.
O tema abordado foi apresentado em uma live no Intagram, cujos Slides estão abaixo:
Por que é tão difícil inovar?
O nosso cérebro é primitivo. Evoluímos milhões de anos antes de inventarmos a escrita, a agricultura e nos tornarmos civilizados. As mudanças na natureza ocorrem em ciclos longos. As mudanças rápidas do mundo moderno não são naturais.
Mesmo depois de nos tornarmos sedentários, a nossa sociedade continuou relativamente estável. As profissões eram passadas de pai para filho. Não existia competição no conceito capitalista. Apenas a partir da revolução industrial em 1770 é que a sociedade moderna começou a se moldar.
Nos últimos 20 anos, entretanto, a quarta revolução industrial trouxe mudanças sem precedentes. O jeito como trabalhamos e nos comunicamos foi profundamente transformado. A Internet possibilitou a criação de novos negócios que mudavam indústrias quase do dia para a noite.
O cérebro humano, entretanto, permanece o mesmo. Kahnemann e Tversky ganharam o prêmio Nobel de economia por mapear diversas falhas na racionalidade humana, mudando para sempre a teoria clássica de racionalidade humana. Recentemente, um artigo de março de 2020 do MIT Sloan argumentou que o principal obstáculo para inovação é que as organizações são gerenciadas por humanos e que a nossa racionalidade é falha.
Percebemos o mundo de uma forma muito mais estável e linear do que ele é. Temos dificuldade de compreender e nos adaptar à mudanças rápidas. Subestimamos ameaças. Quando a Pandemia começou, em março de 2020, acreditamos que o país ficaria fechado por 15 dias e depois seguiríamos a nossa vida normalmente. Em outros eventos de grande magnitude o comportamento foi o mesmo. Demoramos para compreender a extensão da crise econômica originada nos EUA em 2008 decorrente de problemas no mercado de subprime. Grandes instituições financeiras quase foram à falência. Hoje, não sabemos o real perigo da derrota americana no Afeganistão. Os efeitos destrutivos do aquecimento global são bem mapeados, porém, continuamos ignorando os avisos de cientistas.
Além de subestimar ameaças, superestimamos a dificuldade de responder à mudanças. Muitas empresas tomaram decisões erradas no primeiro semestre de 2020 por pensar que não era o momento de pensar no futuro. Saíram de negócios estratégicos e cortaram investimentos em inovação, causando prejuízos no longo prazo.
Nós (inclusive, líderes de empresas) temos o costume de nos enganar. Mais do que isso, mentimos para nós mesmos.
O papel fundamental da estratégia de inovação para o resultado da empresa
O esforço de inovação leva à dois resultados estratégicos extremamente importantes:
1) A agilidade para responder à mudanças – A empresa inovadora é capaz de se adaptar rapidamente, evitando sofrer prejuízos por períodos prolongados quando é afetada por um grande problema
2) Proatividade – A empresa inovadora é capaz de trazer novidades para o mercado sem ser provocada, forçando os competidores à reagir.
Uma estratégia de inovação têm como ponto de partida o exercício de imaginar o futuro e de conectá-lo ao presente.
No E-book da PilarX “Como Transformar Sua Empresa em Uma Máquina de Inovação” abordamos a metodologia de Arenas, desenvolvida pela professora de Columbia Rita McGrath, que aborda justamente esse ponto. A ideia é imaginar como será o futuro e como desenvolver competências para fazer com que a sua empresa se antecipe à esse futuro.
Após criar uma visão de futuro para a sua empresa começa a parte realmente difícil. Desenvolver recursos e competências para fazer a transformação da sua empresa. Trabalhar mentes e corações. Mudar o seu modelo de negócios e surpreender seus concorrentes antes de ser surpreendido. Se você começar a pensar no futuro apenas quando ele chegar, terá um problema.
Dessa forma, o projeto de futuro da sua empresa começa hoje e agora. Você precisa fazer um esforço de transformação para não ser surpreendido daqui 5 anos. Se a mudança vier e você não estiver preparado, terá que sofrer as consequências.
Os desafios da gestão da inovação com a abordagem das 3 caixas
A maior dificuldade que as empresas enfrentam ao criar um projeto de transformação é equilibrar o presente e o futuro. Existe um dilema natural entre preservar o presente, destruir o que deve ficar no passado e criar o futuro.
A abordagem das 3 caixas foi criada pelo professor de estratégia e inovação Vijay Govindarajan da universidade de Dartmouth. É uma metodologia simples, porém super poderosa. As 3 caixas são:
Caixa 1 – Presente: Aqui está tudo que está relacionado a melhorar o seu negócio como ele é hoje. Redução de custos, captação de novos clientes, aumento do ticket médio. Aumento da eficiência operacional, redução de erros de processos.
Caixa 2 – Passado: Nessa caixa está tudo aquilo que você precisa abandonar. Se a passagem do presente para o futuro é uma jornada, você deve escolher aquilo que vai ou não na sua mala. Na caixa 2 você deve deixar tudo que não vai.
Caixa 3 – Futuro: Aqui está aquilo que vai fazer com que o seu negócio seja competitivo no futuro. O que não dá receita hoje, mas é promissor.
Inovação Linear e Não-Linear
Existem vários formas de classificar a inovação. De core ou adjacências. Incremental, radical ou disruptiva. De produtos, processos e modelo de negócios. Nova para a empresa, nova para o país e nova para o mundo. Entretanto, quando falamos de gestão de inovação, a classificação mais útil é definir se a inovação é linear ou não-linear.
Para definir se uma inovação pertence à caixa 1 ou à caixa 3 é preciso definir se a inovação é linear ou não linear. Uma inovação não linear pode ser feita dentro da caixa 1. Se a inovação for não linear, a empresa precisa investir em novas competências e colocar o negócio na Caixa 3, blindando-o da cobrança e da lógica dos negócios de caixa 1.
Um negócio de Caixa 3 não pode ser cobrado pelas mesmas métricas de um negócio de caixa 1. Precisa passar por um período de teste e validação usando Lean Startup antes de escalar e virar uma área da empresa cobrada por reduzir custos e aumentar receitas. Na semana que vem vamos fazer uma Live sobre essa metodologia e explorá-la em mais detalhe.
Uma inovação não linear atende pelo menos um de três critérios:
1) Serve para um novo público alvo
2) Transforma a cadeia de valor
3) Trás uma nova proposta de valor
A evolução da gestão da inovação
A gestão da inovação é a forma pela qual empresas usam recursos para aproveitar de oportunidades científicas, tecnológicas e de mercado. Rothwell, 1992[i]classifica esse processo em 5 gerações.
Inovação 1.0
Nos anos 1950 e 1960 (e antes) a inovação era dominada por um processo focado em P&D. Nesse processo, a inovação parte de uma descoberta científica. A partir da pesquisa básica pesquisadores buscavam aplicações, modos de produzir e de, finalmente, lançar no mercado. Essa abordagem ganhou força com o livro The Endless Frontier de Vannevar Bush, responsável por formular políticas governamentais para desenvolver a ciência nos EUA nesse período.
A lógica da inovação 1.0 ganhou força com a criação da Bomba Atômica a partir de avanços científicos importantes. Esse período foi marcado por avanços em áreas que exigem altos investimentos em pesquisa como Energia, Defesa e Medicina. As empresas que seguiram esse modelo passaram a criar grandes laboratórios para fazer avanços científicos que pudessem melhorar a sua oferta de produtos. Nesse modelo o feedback entre oferta e demanda para gerar inovação é pouco relevante.
Inovação 2.0
A partir de meados dos anos 1960 surgiu um novo paradigma de gestão de inovação adotado por empresas e formuladores de políticas públicas. Esse é um modelo motivado por demanda, ao contrário da Inovação 1.0. Nesse modelo os investimentos em P&D são direcionados pelas áreas que lidam diretamente com consumidores.
A área de inovação fazia pesquisa para entender as mudanças na cultura, na sociedade e na indústria. Falavam com clientes para identificar falhas em design e potencial de melhoria. Nessa época, havia uma crença de que a demanda era relativamente previsível.
Inovação 3.0
No terceiro modelo, a pesquisa tecnológica e a pesquisa de demanda trabalhavam de forma integrada. A inovação ainda era, entretanto, tratada como um processo linear. Mas esse modelo focou-se na retroalimentação entre os modelos previstos na Inovação 1.0 e 2.0. Nessa fase, identificou-se o desafio de investir em comunicação e integração da organização para inovar melhor. Entretanto, as fases de Pesquisa, Desenvolvimento, Prototipação, Testes, Operação, Vendas, Marketing e Serviços continuavam sendo abordadas como fases distintas.
Inovação 4.0
Na quarta geração de modelos de inovação os relacionamentos da organização com seus clientes, fornecedores e outras empresas do setor começa a ser explorado como motor de inovação. O foco em P&D e os esforços de previsão de demanda são substituídos pelo relacionamento com clientes e fornecedores chave. A inovação passa a ser vista como uma atividade que permeia toda a cadeia de valor, não apenas uma empresa específica.
Inovação 5.0
A quinta geração da inovação considera a necessidade de alinhamento estratégico dentro da organização e entre organizações. As empresas buscam automatizar seus processos de inovação e param de desenvolver inovação de forma linear. Quebrar silos torna-se uma prioridade para executar melhor processos complexos, multidepartamentais.
O principal desafio abordado pela inovação 5.0 é lidar com um ambiente de incertezas e volatilidade. O desenho organizacional vai determinar a capacidade da empresa de inovar. As fases de Pesquisa, Desenvolvimento, Engenharia e Design passam a ocorrer de forma paralela.
O modelo de Lean Startup é usado para a criação de novos produtos e modelos de negócio. O foco no aprendizado rápido é essencial para levar novidades ao mercado de forma ágil.
Os ciclos de desenvolvimento de produtos mais longos começam a ser percebidos como demasiadamente arriscados. Perder o timing para lançar um produto pode ser uma receita para o fracasso. A capacidade de usar dados da empresa para reagir ao mercado e inovar torna-se de grande importância. A SAP, por exemplo, oferece meios para integrar dados financeiros ao Design, Manufatura e Gestão de Estoque. Empresas de tecnologia como a Amazon, Google e Uber têm o seu próprio exercito de Engenheiros e Cientistas de Dados para inovar de forma ágil e baseada em dados.
Abordagem Holística de Inovação - Os elementos da Inovação 5.0
A Inovação 5.0 trata a inovação dentro da empresa como um sistema complexo. Em um sistema complexo, como no corpo humano, a falha em uma parte pode acarretar em falhas no sistema como um todo. Os elementos abordados aqui devem ser tratados como interdependentes.
Estratégia de Inovação
A Estratégia de Inovação vai dar a direção dos esforços da inovação na empresa com base em sua estratégia corporativa e competitiva. Nela, o objetivo da inovação estará bem definido, assim como os processos e os projetos prioritários de inovação.
Para criá-la, você precisa imaginar como será o futuro, qual a direção que a sua empresa quer seguir e como desenvolver recursos e competências para chegar lá. Isso quer dizer que você precisará investir em parcerias e contratações para tornar sua estratégia uma realidade.
A estratégia é o cérebro da Inovação 5.0. É o que vai definir como todos os outros elementos devem se comportar.
Relacionamento com o Ecossistema
O relacionamento com o ecossistema são os olhos, ouvidos e a boca da Inovação 5.0. Cada vez mais, líderes organizacionais precisam ser observadores da sociedade, não apenas da sua indústria e setor. Muitas tendências surgem primeiro em um setor e não demoram para se espalhar para todas as indústrias. Olhar para outros países pode nos ajudar a entender o que irá acontecer com o Brasil.
Fortalecer relacionamentos dentro da sua cadeia produtiva, analisar constantemente a evolução no ecossistemas de startups pode ser crítico para capturar tendências antes que seja tarde demais.
Uma parte importante da estratégia de inovação é a inovação aberta (ou Corporate Venture). Hoje, este conceito está associado principalmente ao relacionamento e ao investimento em startups.
Comunicação para Inovação
A capacidade dos líderes de conversar com as pessoas da linha de frente (que atendem o cliente e fazem a operação do dia-a-dia funcionar) e absorver suas percepções é um fator de sucesso importante para a Inovação 5.0. Um líder precisa saber de todos os problemas dentro da organização e ameaças externas.
Ter uma política de portas abertas e promover a integração entre diferentes áreas ajuda o líder a saber o que ocorre de verdade na organização. O comportamento dos líderes, reprimindo erros e “atirando no mensageiro” pode estimular colaboradores a esconderem informações. Sem saber o que está acontecendo, é impossível corrigir.
Ter uma comunicação bilateral com a sua força de trabalho é também um fator essencial ao sucesso. Todos precisam conhecer a estratégia e os objetivos da empresa. É impossível executar uma estratégia secreta.
A Comunicação para Inovação é o coração da Inovação 5.0. Todos os outros elementos da estratégia devem fortalecer a colaboração e a comunicação. Analogamente, uma comunicação eficiente faz com que os líderes conheçam e resolvam os problemas reais da organização.
Veja abaixo algumas dicas do livro “Seeing Around Corners”, de Rita McGrath, sobre como identificar mudanças no mercado. Perceba que a maioria dos pontos estão ligados à comunicação.
Processos de Inovação
Quando falamos em Gestão da Inovação, a análise e estruturação de processos claros de inovação é a primeira coisa que vêm à mente.
Um processo de inovação deve ter procedimentos bem definidos e um mapeamento de ideias em todos os estágios da imagem abaixo (que é um de vários modelos de desenho de processo de inovação).
O processo de inovação deve definir os níveis de aprovação necessários para passar de uma fase para a outra. Deve trabalhar inovação linear e não-linear de forma distinta. Uma empresa ambidestra (que consiga tanto fazer a gestão das suas operações como inovar de forma eficiente) deve dominar competências ligadas tanto ao Lean Manufacturing como ao Lean Startup. Deve ser capaz de implementar mudanças lineares com agilidade e mudanças não lineares de forma criteriosa e inteligente.
Projetos de Inovação
Nem toda a inovação deve virar um projeto. Uma mudança em um processo para aumentar a eficiência não necessariamente precisa virar um projeto. Muitas inovações podem ser implementadas em dias, ou até mesmo horas. Em muitos casos, projetos de inovação linear podem virar projetos. Em organizações complexas, mexer em processos pode demandar tempo e dedicação suficiente para justificar a abertura de um projeto. As inovações não-lineares, entretanto, precisam sempre ser tratadas como projetos.
Existem projetos voltados também para o Design Organizacional Inovador. O Desenvolvimento da Cultura de Inovação e a Criação de Estruturas, Sistemas e Procedimentos são temas complexos e precisam de projetos dedicados para darem resultado.
Como em qualquer área, os projetos de inovação precisam estar bem mapeados e definidos. Precisam de um Termo de Abertura de Projetos e da identificação de pessoas na matriz RACI. Precisam ser acompanhados. Muitas vezes, são super importantes e pouco urgentes. Dessa forma, é comum que projetos de inovação sejam abandonados quando surjam outras prioridades. Esse é um risco que todas as empresas enfrentam. Descontinuar esforços de inovação pode trazer consequências severas no longo prazo.
Os processos e os projetos de inovação são os braços da Inovação 5.0. Isso por que eles são a forma pela qual a organização transforma ideias em realidade.
Cultura
Os comportamentos dos colaboradores são determinados pela cultura. Quando a empresa cresce, é impossível ter controle total sobre tudo que acontece. A cultura vai definir como os colaboradores devem se comportar quando ninguém está olhando. Em empresas com cultura forte, existem diretrizes claras para guiar o comportamento dos colaboradores. Na Amazon, por exemplo, existem 14 princípios de liderança. As decisões e ações dos colaboradores são avaliadas com base nesses princípios.
Muitos traços culturais emergem com o tempo. São difíceis de modificar. O comportamento dos líderes e das pessoas mais influentes da empresa vai em grande parte moldar a cultura. As pessoas se espelham em seus líderes para moldar seus próprios comportamentos.
Para mudar a cultura, a liderança deve mudar seu comportamento primeiro e comunicar constantemente sobre as mudanças na empresa.
A construção de uma cultura de inovação deve acontecer em 3 pilares:
1) Enable (Dar meios): Garantir que os colaboradores tenham capacidade de discutir temas relacionados à inovação e trazer inovação para o dia-a-dia. Criar espaços para a discussão da estratégia entre níveis organizacionais
2) Empower (Empoderar): Dar para os colaboradores o poder de resolver mais problemas no dia-a-dia. Por exemplo, dar um upgrade para um cliente que teve um problema com um quarto de hotel sem ter que falar com supervisores. Também está relacionado à dar autoridade para que líderes possam tomar as decisões que afetem as suas KPI´s.
3) Encourage (Encorajar): Comunicar para todos que a inovação faz parte do que a empresa faz. Valorizar colaboradores que desafiam o Status Quo e conseguem inovar. Evocar o propósito da empresa frequentemente pode ser extremamente útil para promover a inovação.
Estrutura, Sistemas e Procedimentos
O Design da sua Organização é um fator chave da Inovação 5.0. Não adianta somente incentivar e promover a cultura de inovação. É preciso criar mecanismos para que a Cultura de Inovação faça parte dos processos e do dia-a-dia.
Um exemplo de mudança no Design Organizacional é a adoção do modelo de Squads e metodologias ágeis por empresas tradicionais. Há um tempo atrás, essas ferramentas de gestão eram reservadas para empresas de tecnologia.
A Estrutura Matricial costuma ajudar a empresa a inovar. Nesse tipo de organização, a empresa passa a se organizar não apenas por áreas funcionais, mas por negócios, produtos, geografias e perfis de cliente. Um colaborador passa a integrar múltiplas equipes e responder à múltiplos chefes. Entretanto, pelo seu alto nível de complexidade, a Estrutura Matricial não é recomendada para a maioria das empresas.
Uma alternativa é criar canais de comunicação entre diferentes áreas. Agendas periódicas para fomentar a colaboração. Além disso, é importante definir donos de processos que tangenciam múltiplos departamentos. Dessa forma, evita-se a quebra de processos dentro da empresa.
Os sistemas de gestão definem o tipo de comportamento valorizado (com reconhecimento, bônus e promoções) e o tipo de comportamento que é punido. Algumas empresas são caracterizadas por sistemas baseados fortemente em resultados. Nessas empresas, o colaborador pode fazer o que for preciso para bater suas metas. Em outras, o sistema é mais voltado para comportamento. O alinhamento do comportamento e das decisões do colaborador com os valores da empresa importam mais do que a meta em si.
Podemos também comparar alguns elementos em empresas ágeis e tradicionais para melhorar o Design das nossas organizações:
| Gestão Tradicional | Gestão Inovadora |
Processos | Rígidos, focados em eficiência e centralizados | Flexíveis, focados em experimentação e descentralizados |
Pessoas | Funções específicas com pouca autonomia | Multidisciplinares |
Estrutura | Silos sem comunicação | Times que variam de projeto para projeto |
Liderança | Top Down - Quem pode manda, quem tem juízo obedece | Bottom Up - A decisão final é de quem manda, porém todos são ouvidos |
A Governança da Inovação também é um tema que surge frequentemente em discussões sobre Gestão da Inovação. Veja abaixo algumas perguntas específicas do tema:
· Como verificamos se as iniciativas de inovação estão alinhadas às metas?
· Como verificamos o potencial de valor de cada iniciativa?
· Como alocar recursos e aprovar investimentos?
· Como medimos o desempenho?
· Como decidimos interromper uma iniciativa de inovação?
· Como determinar se o risco é aceitável?
A inovação é trabalho duro. É preciso gerenciá-la de forma eficiente dentro de organizações complexas. A abordagem da Inovação 5.0 é uma ferramenta poderosa para ajudar empresas a transformar seus negócios. Esse texto não se propõem a ser exaustivo. Boa parte da literatura de negócios aborda sob diversos ângulos a Inovação em empresas. Se você conseguiu compreender todos os elementos, o relacionamento entre eles e teve ideias para implementar na sua empresa, meu objetivo foi cumprido!
Veja abaixo a Live que a PilarX realizou no dia 14/09/21 sobre o assunto:
Fernando Alves é mestre em negócios (FT-MBA/2019) pela University of Southern California e bacharel em economia pela FGV. É o fundador da PilarX – consultoria de inovação e marketing
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